Corona e a eurodance no Brasil

Corona em pose para foto. Imagem: Reprodução.

Por Marllon Alves

            Muitos talvez não saibam, mas a cantora Corona é brasileira. O fato de ter construído praticamente toda a sua carreira no exterior e cantar quase sempre em outro idioma ajudam a entender o motivo de muitas pessoas acharem que a cantora em questão não é nascida no Brasil. Em terras brasileiras, Corona é a personificação da eurodance, ritmo oriundo da Europa e que ajudou a cantora a fazer sua fortuna.

            Nascida Olga Maria de Souza, Corona (que significa coroa em italiano) cresceu em Vigário Geral, favela da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Filha de um músico e de uma cozinheira igualmente apaixonada pela música, antes de seguir neste universo, Corona trabalhou como balconista, vendedora, caixa de supermercado e chegou a prestar concurso público. Com a ideia de sair do Brasil em mente, Corona teria encontrado o ex-jogador Pelé em uma boate e perguntou ao eterno rei do futebol se o melhor lugar para se morar eram os EUA ou a Europa. O astro do futebol mundial teria sugerido a Itália para a cantora.

            No início dos anos 1990, Coroa foi morar nos EUA, depois mudou-se para a Espanha e enfim foi para a Itália. Em território italiano, Corona chegou a cantar em bares, quando em uma destas ocasiões o produtor musical Francesco Bontempi a viu cantando o clássico mundialmente conhecido Garota de Ipanema e enxergou na cantora o potencial que ela tem. Francesco decidiu colocá-la como frontwoman da banda de eurodance Corona, que passou a ser o nome artístico da cantora em questão. Foi com esta banda que a cantora gravou Rhytthm of the Night, a música mais conhecida da carreira de Corona e que atravessa gerações. E aqui vale uma curiosidade: tal música não foi cantada inicialmente por Corona, ela apenas dublava e performava. Esta era uma prática recorrente neste período. Já os sucessos como Baby Baby e Try Me Out são de fato cantados por Corona.

            O ritmo musical eurodance consolidou-se no início dos anos 1990. Tal gênero é caracterizado pela mistura entre hip hop, techno e house music. Tal ritmo começou a crescer e a ganhar visibilidade também. Neste contexto, nomes inspirados na eurodance surgiram em diversas regiões da Europa, como por exemplo Snap! (Alemanha), Vengaboys (Holanda), Aqua (Dinamarca) e, é claro, Corona (Itália). Vale ressaltar que a Itália foi um dos epicentros da ascensão deste ritmo musical. Além da banda aqui citada, outros grupos de eurodance surgidos foram Black Box e Double You. Em 1993, a banda Corona lançou um single que foi um verdadeiro sucesso comercial: Rhythm of the Night.  

Corona durante apresentação em programa da Xuxa. Imagem: Reprodução.

            Considerada hoje um dos maiores sucessos do eurodance, Rhythm of the Night alcançou a primeisa posição na tabela musical italiana e alcançou o top 10 em diversos países. A música também fez muito sucesso no Brasil. Tamanha popularidade levou Corona a se apresentar em programas de Xuxa Meneghel e Fausto Silva, por exemplo. Ambos eram nomes extremamente fortes da televisão no fim do século XX e seus respectivos programas alcançavam altos índices de audiência. A música em questão marcou época no Brasil e chegou a fazer parte da trilha sonora da novela “das sete” da TV Globo Verão 90 (2019), ambientada nos anos 1990.

            O sucesso de Rhythm of the Night, além da carreira de Corona de uma forma geral, geraram a cantora uma bela fortuna. A cantora seria dona de uma casa no Morumbi, bairro nobre da cidade de São Paulo, um sítio no interior do estado de São Paulo, além de imóveis no Rio de Janeiro, Roma, Portugal e Espanha. Em 2010, o jornal italiano Corriere della Sera estimou a fortuna de Corona em 10 milhões de euros.

Corona durante sua apresentação no programa Altas Horas, no ano de 2014. Imagem: Zé Paulo Cardeal/TV Globo.

            Rhythm of the Night não se limitou aos anos 1990, pelo contrário. A música em questão atravessou gerações, fazendo com que pessoas de todas as idades saibam quem é Corona. Além disso, de acordo com o WhoSampled, a canção foi “sampleada” 24 vezes, remixada 6 vezes e ganhou 18 releituras. De acordo com Corona, mais de 50 remix da canção Rhythm of the Night são remasterizados por ano. Além disso, a canção está presente na publicidade, em jogos de videogame e já foi até parodiada no Brasil. Quem aí não conhece Jesus humilha Satanás? O grupo alemão Cascada fez um cover desta música, o ritmo pode ser encontrado também na música Ritmo (Bad Boys for Life), uma parceria entre o grupo The Black Eyed Peas e o cantor J. Balvin. Por sua vez, a banda britânica Bastille lançou em 2013 a canção Of the Night, que mistura Rhytm of the Night e Rhytm is a Dancer, outro grande sucesso da eurodance, lançado pelo Snap!

Conclusão

            Corona foi essencial para a popularização da eurodance no Brasil. A cantora marcou gerações, sendo lembrada até hoje por pessoas de idades diversas. Rhytm of the Night está presente na publicidade, videogames, paródias e até memes. Além disso, a canção já foi remixada diversas vezes e seu ritmo está presente em músicas de diversas nacionalidades. Tudo isso mostra que de fato música boa não tem idade.

Referências:

Visualizado no dia 17/01/2024.

Visualizado no dia 17/01/2024.

https://gshow.globo.com/programas/video-show/noticia/cantora-brasileira-corona-esta-de-volta-a-italia-e-aos-50-revela-sonho-de-ser-mae-ter-cinco-filhos.ghtml Visualizado no dia 17/01/2024.

Como citar este texto:

ALVES, Marllon. Corona e a eurodance no Brasil. In: Gênero e História. Disponível em: https://generoehistoria.com/2024/01/22/corona-e-a-eurodance-no-brasil/ publicado no dia 22/01/2024.

Deixe um comentário